quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SERTÃO

"Prestenção nesse cordel
Que vô falá do meu sertão
Sertão é dentro da gente.
Sertão é esse mundão
E é por eu ser-tão sozinho
Que o sertão é solidão
Esses homi aos avesso
Põe a gente em confusão
Viver é muito perigoso
Quando a vida foge à razão
O homi humano é nonada!
‘O senhor tolere: isso é sertão' "
-explicava Riobaldo.

FABYOLA GLEYCE

O assassino era Leminski

O assassino escriba
Vive infeliz
Cumprindo pena
Por torturar com apostos.
Fugiu da prisão (e das rimas e métricas)
E tentou ir pros EUA.
Uma pena...
Leminski havia colocado
Um artigo indefinido em sua bagagem.
Sob pena de morte,
Foi assassinado com um objeto direto na cabeça.

FABYOLA GLEYCE

HAI-KAIS E AQUARELAS V - Sobre arco-íris

grande abraço de arco-íris
que vincula à terra
derramando cores, símbolos e signos.

floresce nas sensações
a percepção subjetiva
do real.

FABYOLA GLEYCE

HAI-KAIS E AQUARELAS IV - Sobre a cor-do-fim-de-tarde

cor do céu, latitude fria
na transparência da água
resolvida em corais de luz.

FABYOLA GLEYCE

HAI-KAIS E AQUARELAS III - Sobre violetas e rosas

tons da música e cores
trazem violetas e rosas
ao patamar da euforia.

clímax de licor de carmim
em púrpura, desfeita virgindade
na face da menina, já mulher.

FABYOLA GLEYCE

HAI-KAIS E AQUARELAS II - Sobre o preto-e-branco

preto e branco
sinfonia dos acasos,
não fosse mais que a simetria dos ocasos

Fabyola Gleyce

HAI-KAIS E AQUARELAS I - Sobre o magenta

é o sol magenta dos alvores matinais
traindo os sonhos da madrugada,
a reflexão das cores e do entendimento.

Fabyola Gleyce

Cenário


A vida é um palco.
Abrem-se as cortinas
E um personagem entra em cena.
Mil faces sobre a máscara moldada
Em preto e branco
Ofusca o cenário byronista que o cerca.
Começa-se a dança
Ensaiada sobre o solo infértil
Por passos tortos e previsíveis.
Palmas o aplaudem
Sem compreender o espetáculo.
Apenas como um gesto calculado.
A cortina se fecha.
O personagem despe-se
E reencarna na vida
Fantasiado de semi-deus
Pra sobreviver no cenário real.

FABYOLA GLEYCE