quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A lição da águia


Faz tempo que tenho estado com esse texto na minha mente, suplicando para ser escrito. Essas palavras, as quais transcreverei aqui, têm pulsado dentro de mim de forma intensa, me incomodando durante o sono e durante o dia.
Se eu procuro uma certa paz pessoal e literária, não escrevê-lo definitivamente está fora de questão.
Faz muito tempo que não transcrevo meus textos pro Taverna, em decorrência da correria diária, que me obriga a escrevê-los em papéis comuns, e arquivá-los jogados por aí, amassados em bolsas, pelos cantos da minha casa, em folhas de cadernos velhos ou novos. Mania de poeta desorganizada que nunca morre.
Sempre faço questão de ressaltar que meus textos já nascem prontos. Cabe a mim apenas a tarefa de organizar as palavras da melhor forma possível.
Pois bem, feito os esclarecimentos, vamos lá!

Esse foi o ano mais intenso que me lembro de ter tido. Mudanças e mudanças em várias áreas da minha vida. Profissional, intelectual, emocional.
A palavra que definiria este ano é sem dúvidas: Intensidade.
Sempre fui uma pessoa intensa. Sempre fiz o que achava que devia fazer no momento presente. A diferença dessa intensidade que experimento hoje, para as que experimentei anteriormente, é que esta está sendo boa e construtiva.
Tenho me comparado muito com a águia.
Passei alguns momentos em minha vida nos quais fui obrigada a encontrar uma força interior que não sabia que tinha. Vivi momentos de desespero, de choro, de angústia. Momentos em que desejei não ter nascido. Momentos em que questionei o porquê da minha existência. Momentos em que me senti inerte e impotente diante da realidade em que me encontrava.
Não cabe aqui descrever em detalhes o que passei. Problemas todo mundo tem e enfrenta em alguma fase da vida. Então, não acho que os problemas que tive são ou foram maiores do que o do resto da população. Foram apenas problemas. E a dor que passei, foi apenas dor.
E como toda dor deve ser sentida, eu senti a minha. E passei por ela.

Em um determinado ponto da minha vida, eu comecei a notar uma série de padrões que se repetiam continuamente. Eu vivia em um ciclo vicioso de traumas, de situações desgastantes emocionalmente. Era sempre assim.
Eu fui moldada sob a fôrma de uma padrão comportamental desde a infância, que me trouxe sérios prejuízos psicológicos na vida adulta.
Quando tomei consciência disto, tive que usar o que gosto de chamar de "A filosofia da águia".

A águia, quando atinge 40 anos de idade,  deve enfrentar a difícil decisão entre morrer (pois suas forças para caçar e voar se esgotam), ou enfrentar um sério e doloroso processo de regeneração.  E aqui começa o paralelo com a minha vida. Comparo-me, hoje, com a águia que opta pela segunda opção.
Tal águia decide voar para a montanha mais alta, e meio a um total isolamento e livre de predadores, começa um doloroso processo de regeneração, o qual dura cinco meses.
A águia começa a bater o seu bico sobre uma pedra até quebrá-lo, para que outro novo possa nascer em seguida. Uma vez com o bico novo, ela começa a arrancar as suas garras, uma a uma, para que nasçam outras. Então enfim, com as garras novas, ela começa a arrancar as suas penas velhas e pesadas, em decorrência da idade avançada.
Passado os cinco meses, vem o famoso vôo de renovação. A águia, com o objetivo de completar esse ciclo regenerativo, toma a decisão de dar um salto firme e seguro em direção ao sol e voa o mais alto possível. Os raios do sol terminam de queimar as penas velhas e gastas e então ela mergulha em uma fonte de água e sai completamente renovada. Passado por esse processo, ela tem condições de viver por mais 30 anos.
Encontrar-me da forma que me encontro hoje, exigiu que eu passasse por isso. Tive que me isolar, parar e refletir por um tempo, e dar início ao meu processo de renovação pessoal.
Tive que destruir o bico do ressentimento,  arrancar as unhas do medo, retirar as velhas penas e me permitir ter novos pensamentos.
Tive que me desprender de pré-conceitos, de filosofias impostas, de maus costumes e de tudo aquilo que estava pesando a minha vida. E doeu. Foi uma mudança que exigiu que eu me descontruísse por inteira. Uma mudança que exigiu isolamento. Uma mudança para tratar as bases da minha vida e não apenas carências emocionais não supridas por fatores e pessoas externas.
Uma mudança que exigiu de mim o chamado auto-conhecimento.
Quando enfim, consegui entender e me desprender dos pesos do meu passado, consegui aproveitar o resultado valioso da renovação.
Alcei um vôo interior de encontro a uma nova vida e me descobri uma nova pessoa. Descobri a pessoa que sempre fui, encoberta porém, por penas velhas.

Permiti-me o fluir de pensamentos e atitudes saudáveis. E, com meu perfil austero, de olhar focado para a frente, prestando, porém, atenção ao meu redor, tenho conseguido atingir minhas metas e objetivos.

Fabyola Gleyce

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

.zip

Dualismo imperfeito
Palavras, idéias
Verso de poema
Cor de fim de tarde
Haikai sem verbo
Lágrima contida
Sabedoria do silêncio.

Fabyola Gleyce

sábado, 31 de agosto de 2013

Um rascunho chamado vida.




Pois é.

Quem dera fosse possível fazer um rascunho dos nossos dias antes de vivê-los. Fazer um rascunho das nossas emoções antes de senti-las. Fazer um rascunho das nossas palavras antes de jogá-las aos sete ventos sem prever as consequências.

Mas não tem. E não sei se é justamente isso que faz a vida ser bela, de certa forma. Bela e dolorida às vezes. 

A impossibilidade de prever os dias que virão faz o nosso futuro parecer o próximo verso de um poema que ainda não foi escrito, um próximo livro de uma sequência que estamos ansiosos para concluir a leitura. Só vamos saber o que se passará quando lermos o próximo verso, lermos o próximo livro, viver mais um capítulo da vida. Só então descobriremos o sentimento que virá por trás de uma determinada situação. Não há como prever, simplesmente. Só há como viver, experimentar e sentir. 

Esse ano é, sem dúvidas, o ano que eu descobri o que é sentir orgulho de mim mesma.  Sentir orgulho pelas minhas realizações, sem depender da aprovação de um terceiro. É como se enfim, eu conseguisse entender e viver o segundo mandamento bíblico:  “...Amar ao próximo como a ti mesmo”. Eu que cresci sob a doutrina evangélica durante toda minha vida, hoje vejo o poder desse mandamento.

Nós, pelo menos eu, fomos criados (ou devo dizer projetados?) de maneira a deixar de lado todo o orgulho, a procurar cuidar do próximo, a abrir mão dos nossos desejos e vontades em várias situações em pró do outro. Desenvolvemos uma enorme capacidade de “amar ao próximo” e não a nós mesmos. Entendendo isso, eu consegui ver onde errei em várias coisas que fiz durante a minha vida.

Os meus pais sempre vieram em primeiro lugar, o pastor, os irmãos da igreja, os amigos, enquanto eu me anulava cada dia mais. Sempre fui muito inteligente, esforçada, me destacava em quase tudo que fazia, mas hoje vejo que na maioria das vezes foi para dar orgulho a alguém e principalmente conseguir uma aprovação. Talvez se eu entendesse, antes de tudo, o conceito de amar a mim tanto quanto amar o meu próximo, eu teria tido algumas atitudes muito diferentes. E poderia ter evitado muita coisa na minha vida psicológica.

Como disse no início, no entanto, fazer um rascunho da nossa vida é impossível. Não tem outro jeito senão viver, errar e no futuro poder aprender com os erros. E com base nisso, repito, esse ano está sendo o ano em que venho sentido o maior orgulho que já senti de mim. 

Orgulho por ter voltado pra faculdade com toda a força do mundo depois de ter enfrentando situações físicas e emocionais que não desejo a ninguém. Orgulho por estar tirando minha carteira de carro sem ouvir a clássica frase “Todo mundo sabe dirigir, por que você não sabe?”. Orgulho de voltar pra academia e ter mais saúde e disposição física apenas pra mim. Orgulho por ter o cachorro mais lindo do mundo e saber como cuidar. Orgulho. Orgulho de saber que sou capaz de me gerenciar sem ninguém me impondo ordens. De conquistar coisas que não seja por obrigação de mostrar aos outros.
Orgulho de ser honesta comigo mesma e assim poder ser honesta com as pessoas que se aproximarem de mim.

Materialmente não tenho muito. Quase nada na verdade...
Mas psicologicamente, sentimentalmente eu posso dizer que ganhei demais.

Nesse momento, não consigo conter minhas lágrimas. É como se um anjo suspirasse no meu ouvido:  “Fabyola, você é uma das pessoas mais fortes que existem nessa terra. Parabéns por cada dia da sua vida, parabéns por reconstruir seus sonhos e estar trilhando o caminho de encontro a eles. O caminho, como tem sido até agora, não vai ser fácil. Mas com a maturidade que você adquiriu e vem adquirindo dia após dia, você conseguirá trilhá-lo com mais sabedoria”.

Eu sei que tenho muita coisa pra aprender e ajustar em mim ainda. Muita mesmo.

Uma delas é parar de fazer um mau juízo das pessoas sem conhecê-las. Não é por causa de uma experiência ruim no passado, que tenho que refletir nas pessoas que surgirem no meu caminho. E isso é uma falha em mim que me propus a corrigir.

Outra é tentar ser flexível em situações onde precisar. Não ser tão rígida como costumo ser - “Se não for do meu jeito, não serve”- e sim: “Se não for da forma como planejei, haverá outras formas talvez até melhores”. Preciso aprender a ter a “capacidade de me moldar a um recipiente, seja ele qual for, tal qual o mercúrio”, usando as palavras de um amigo.

Acabei de me fazer uma pergunta: “Se eu pudesse prever o dia de amanhã, como eu agiria diante de uma determinada situação?” E me respondi, quase automaticamente: “Eu não gostaria de saber o que acontecerá amanhã...”.

A única coisa da qual tenho certeza é que fazemos, sem saber, uma série de rascunhos o tempo todo. Rascunhamos nossas emoções, palavras, experiências. Um rascunho da vida propriamente dita, não.
Mas são esses rascunhos que originarão um livro, o nosso livro, no fim de tudo.  E esse livro é a nossa vida, feita de experiências vividas e não apenas planejadas. Feita de emoções vividas e não contidas, de palavras concretas e não apenas pensadas.  Feita de fatos concretos e reais  e não apenas de meros rascunhos.

Fabyola Gleyce



quarta-feira, 31 de julho de 2013

Breve oração...


Estou escrevendo este texto sem ter feito um rascunho antes... coisas da minha cabeça, do meu coração. Coisas que quero pedir ao universo, a Deus, à natureza, a mim mesma...

Apenas um desejo veio tomar conta de mim nestes últimos tempos. Fé no amor. Fé nas pessoas que são boas, fé que vou sentir essa coisa gostosa queimando dentro de mim e não ter medo. Fé que quando isso acontecer eu irei chorar de felicidade e não de tristeza.

Uma coisa que aprendi é que não devemos medir o amor com a quantidade de dor que uma situação causa. Temos mania de achar que quanto mais sofremos por alguém, mais amamos esse alguém. E é justamente o contrário.

Eu não sei se já experimentei este sentimento na essência pura e abstrata dele, mas imagino que não deve ser algo que cause dor e sofrimento. Então, universo/deus/eu interior/natureza, algum de vocês atenda meu pedido de aniversário beeeeeemmmm antecipado!

Que eu deixe meu orgulho (ruim) de lado, meus traumas, minhas experiências ruins, minhas memórias e cicatrizes e me abra novamente para quem quer me fazer bem. Que eu acredite sempre em um recomeço, e tenha consciência e saiba que nem todos são iguais. Que existem pessoas pelas quais vale a pena lutar.
Que meu coração cicatrize, e essa dorzinha no peito me sirva de experiência no futuro. Que eu saiba perdoar, a desejar o bem ao meu próximo. Que eu não julgue as pessoas só porque elas me decepcionaram ou me fizeram cúmplice de uma determinada situação. Que eu  aprenda a me colocar no lugar do outro e ver seu ponto de vista

Que eu não confunda amor com sofrimento. Que eu não confunda paixão com amor.

Que eu saiba aceitar uma dor, mas que eu não me permita mais o sofrimento, uma vez que este é opcional.

Que apesar de tudo, eu sempre prefira o gosto amargo da verdade, antes da realidade precisar me assustar com um daqueles choques que eu já conheço.

Que meu sorriso me sirva de escudo quando precisar me proteger.

E sobretudo, Deus/universo/natureza/eu interior, que eu nunca perca a capacidade de amar e recomeçar quantas vezes forem necessárias!

http://www.youtube.com/watch?v=Y73opo2RAPE

Fabyola Gleyce

domingo, 23 de junho de 2013

Intens(a)idade

Pois é...
Cá estou eu novamente, depois de ter ido e voltado do inferno na semana passada.
Mas... passou! Passou e eu sobrevivi como tenho sobrevivido dia após dias, aprendendo com as dificuldades e aproveitando as experiências que tive para refletir.
Esse era pra ser um daqueles textos deprês, típicos de Fabyola quando está em uma fase ruim.
Mas por alguma razão, eu não me sinto triste. Não me sinto nem um pouco triste. Não sei se é por causa do alto volume de lágrimas que derramei na semana passada, da energia negativa extravasada do meu corpo...não sei, só sei que estou melhor, estou tranquila, estou feliz.
Semana passada eu realmente achei que não aguentaria. Foi tenso em todos os sentidos. Uma das únicas vezes que eu achei que Deus havia me dado um fardo maior do que o que eu aguentava. Enganei-me feio e o resultado é que depois da turbulência de emoções e situações vividas, encontrei um verdadeiro espírito Fênix em mim.
E o melhor: sinto-me orgulhosa. Sim, por ter aceitado as minhas emoções sem mascarar a minha realidade, por ter sentido o “gosto amargo do calvário” sem mascará-lo com algum doce. Por ter sido forte para manter meu caráter e dignidade de pé, no momento em que meu interior simplesmente se desabava. E o resultado não poderia ter sido outro: crescimento pessoal e emocional.
Às vezes a vida nos prova de cada forma que vou te contar viu! E temos que aprender meio que na marra a contornar uma situação, a analisar friamente os fatos, a diferenciar um sentimento do outro e, principalmente, nos responsabilizar por nossas próprias ações.
O que eu sinto neste momento de paz interior, é que não devemos ter arrependimento de nada que foi vivido. Existem pessoas que aparecem na nossa vida pra nos despertar, pra nos ensinar muito sobre nós mesmos, pra nos fazer bem. E da mesma forma que essas pessoas aparecem, elas também devem ir embora. O duro é aceitar. No entanto, não é nada que o tempo não esclareça e cure. E, então, fica o profundo sentimento de gratidão.
Hoje, não vou escrever muito, apesar de ter muito pra ser dito.
Fica aqui a música do meu nobre Raul que me traduz nesse momento:
“Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei... sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?
Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou antissocialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta, eu sou,
Por que não?”
Que venha vida com toda a intensidade possível, pois tenho sede de emoções, de experiências. Sede de poesia, do desconhecido, do novo, do mundo. Sede de descobrir. Sede de reencontrar-me em cada encruzilhada do meu próprio caminho. Sede de descobrir uma poesia ou letra em cada empecilho que surgir. Sede do meu eu-poeta. Sede de sentir-me como centro do meu mundo, de experimentar meu egoísmo. Sede de viver.

 Fabyola Gleyce

sábado, 1 de junho de 2013

Cansei de filhadaputagem

Na boa, estou extremamente stressada agora... acho que no último grau de stress que um ser humano pode chegar. Por causa de quê? Por causa de clientes FILHOS DA PUTA, só por isso. Ainda bem que faço engenharia elétrica e pelo menos espero lidar com mais homens do que com mulheres e tb as coisas vão depender mais do meu conhecimento técnico e não necessariamente do grau de senso artístico de um determinado cliente.

É incrível como as pessoas agem de má fé com nós, designers. Você cria, mostra, faz uma autorização de impressão, tudo conforme pede a lei, e mesmo assim o cliente arruma um jeito de te fuder. Mas te fuder mesmo, falando que isso está errado e aquilo também está e blablablá... como que está errado se ele mesmo fez, autorizou, conferiu e tudo conforme manda o manual? Simples, porque não querem pagar pelo serviço pronto.

Acho que cliente de artes gráficas não pertencem a esse mundo. São loucos, esquisitos, doidos completamente... e adoram dar prejuízo...PUTA MERDA....mas PUTA MERDA mesmo...

Vou parar por auqi. Hoje eu decidi que morri como arte finalista, designer ou o caralho que for. Ou então vou trabalhar apenas em gráficas grandes até enfim eu ser engenheira. Porque lidar diretamente com um cliente, na boa...CANSEI DESSA RAÇA FILHA DA PUTA

segunda-feira, 27 de maio de 2013

25anos.zip



 

Pois é... ando meio engasgada ultimamente e vim tomar meu remédio contra sentimentos
complicados: escrever.


Ultimamente tenho experimentando sensações e sentimentos antagônicos em muito curto espaço de tempo. Até uma neurótica "crise dos 25 anos" tem vindo me assombrar vez ou outra.
 

É difícil organizar os sentimentos e colocar em palavras o que tem se passado dentro de mim. Uma confusão só. Coisa de poeta, de intensidade, de Fabyola.
 
Seria mais fácil organizar meus pensamentos em forma de tópicos, pra que assim eu também não me perca no meio deles.
 
 
1°- Sim, eu realmente estou mais matura. Tenho tomado decisões e tido algumas atitudes que tem-me feito orgulhar de mim mesma. E isto em todos os aspectos. Profissionais, sentimentais... e por ai vai. Percebi que me tornei uma pessoa mais consciente com o passar dos anos. Não sei se foi esse "treinamento de choque para lidar com a vida" o qual me impus, quando deixei pra trás todas as pessoas que amo e atravessei o país para reescrever minha história. Tenho conseguido. E o fato é que realmente estou mais forte. (Eu acho...)
 
 
2°- Sim, ainda tenho impulsos adolescentes. Vezes me vem uma vontade de ser irresponsável pelo menos um dia, fugir das regras e padrões. Vontade de ver a vida passar apenas, sem as preocupações do meu eu adulta. O que diferencia esse impulso que tenho hoje dos que eu tinha antes, é que hoje eu consigo decidir qual grande será a sua dimensão.
 
 
3°- Sim, estou mais calma. Não sei se calma é a palavra exata, mas percebi que tenho ficado cada vez mais fria e calculista. Acho que isso é uma exigência da minha vida neste momento, em que coloquei em foco a minha carreira, o meu futuro profissional e os meus objetivos que outrora havia deixado de lado. O momento pede que eu seja mais racional, e posso dizer que tenho conseguido isso. Não que a emoção em minha vida tenha se anulado. Pelo contrário. Mas hoje eu consigo contê-la a ponto de pelo menos não fazer besteira. Já houve épocas em que me descontrolei demais emocionalmente. Hoje não me permito isso mais. Tenho outros objetivos em mente e por mais difícil que seja conter a emoção em certos casos, eu aprendi a diferenciar quando ela vem de forma saudável ou não. Em outras palavras, fui obrigada a calar meu coração para que eu pudesse progredir em outras áreas. (Mas é só por um tempo...)
 
 
4°- Sim, eu acredito em algo superior a mim. Pois é... a minha fé em Deus voltou. Não vou explicar o meu conceito de Deus (fica pro próximo post). Digo apenas que tenho me notado mais forte. A minha fé na vida, nas pessoas, na natureza voltou. A minha fé em mim mesma voltou. E digo, sem medo, que voltou a todo vapor! Por mais que a minha vida esteja longe de ser como eu queria que fosse ou por mais que eu ainda não tenha alcançado a realização pessoal que almejo, eu sinto que estou no caminho certo. Um caminho limpo, sem mentiras, sem farsas. Estou vivenciando um momento de total honestidade interior. Não é fácil. A vida, vez ou outra, nos prega uma peça, que mesmo inconscientemente, vem aquela vontade forte de disfarçar a verdade com uma máscara bonita. Na medida do possível, tenho preferido a verdade tal como ela é. Nua e crua. E assim, tenho me sentido mais leve.
 
 
5°- Chorar cura dores emocionais profundas! Tenho virado mestra nesta arte, inclusive (rs!). Lembro de uma época em minha vida em que tudo estava dando errado e eu procurava disfarçar a realidade. Até que uma pessoa próxima me deu um conselho "Sinta! Mas sinta tudo! Deite, grite, chore, mas sinta! Não abafe os sentimentos dentro de você e nem finja que eles não existem. Eles estão aí para serem sentidos. Dói na hora. Você vai achar que não vai passar, mas passa, e quando passar, você vai ver a força que você tem". Hoje eu vejo o valor dessa frase. É impossível controlar as emoções, mas é possível administrá-las. É, sobretudo, possível decidir a dimensão que ela vai ter em sua vida. Também é difícil, mas com treino a gente consegue sim!
 
 
6°- Realmente sou mais forte do que eu pensava que eu era...
 
 
7°- Descobri o enorme valor da meditação, de verbalizar sentimentos, de transmitir ao universo apenas coisas boas, para que eu tenha isso de volta. Putz... que bem que isso faz. Sentimentos emaranhados, nós apertados tem-se desfeito em minha vida depois que pus em prática algumas técnicas. E principalmente, descobri o valor de sorrir. Sorrir sempre! E sorrir com entusiasmo, sobretudo, mesmo que as coisas não estejam perfeitas. No universo nós atraímos aquilo que transmitimos, logo... Sorria, oras!
 
 
Esses são alguns dos pensamentos que vem me tirando o sono ultimamente. Talvez porque precisasse transcrevê-los em palavras mesmo. Sempre fui assim, e fazendo isso, de certa forma acabo me encontrando também.
 
 
Posso dizer que estou longe de vivenciar um momento perfeito, ou ter uma vida perfeita. Algumas dificuldades parecem que se achegam a mim de forma exponencial. No entanto, tenho tido jogo de cintura para contorná-las. Hoje digo que sei quando a ilusão quer falar mais alto que a realidade. Aquela que já me cegou tantas e tantas vezes... que já me desviou do caminho do equilíbrio. Sei dizer não, por mais que seja difícil, prefiro a vida real mesmo.
 
 
O título deste post "25anos.zip", foi pensado no sentido de que junto com a minha idade, veio mais um pacote de coisas que aos poucos estou aprendendo a extrair. Responsabilidade, orgulho de ser quem eu sou, força, valores pessoais fortes, honestidade e conquista. E tenho certeza, de que isso é apenas a primeira parte desse .zip.
 
 
E mesmo se algo der errado, eu continuarei sorrindo!


Fabyola Gleyce


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Livros, santos livros!


Andar de ônibus tem suas vantagens... tava aqui fazendo a listinha dos livros que li no trajeto trabalho/casa/faculdade do ano passado pra cá. Alguns tive a oportunidade de reler, agora com uma maior maturidade literária, tipo Grande sertões veredas do Guimarães e Os Sertões, do Euclides da Cunha. Reli vários do Machado de Assis, e muitos outros de cunho político, como Olga, Negócio Seguinte, que aliás foi o que mais me marcou. Agora estou lendo "1968, o ano que não terminou", e é simplesmente FANTÁSTICO!!!!!! Estou no quarto capítulo dele ainda, mas cada página é uma surpresa nova, uma descoberta interessante demais que está mexendo muito comigo. Dá até dó de ler rápido, só pra demorar acabar, rsrsrsrs.... depois pretendo ler vários do Marcuse, começando por Eros e Civilização. Quase não estou me contendo de vontade de começar uma leitura dele paralela ao 1968, mas vou com calma. Essa diversidade de gêneros faz bem demais! Em meio à tantos cálculos a que sou submetida todos os dias, encontro um refúgio na leitura dessas obras. Faz um bem danado pra mente viu!

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Verso Solto


“Aonde está a força de negar um desejo se enquanto ele não é saciado continua existindo? Desejos nascem, ocupam lugares interessantes do seu corpo, e não morrem antes de um formigamento exausto de prazer, uma manhã suja de arrependimentos, hálitos estragados de amargura e clicks que a vida nos dá, também chamados de momentos de verdade, que em muito se parecem com toques de mágica para você sair do estado encantado e falso da imaginação. O tempo não se encarrega de matar desejos, apenas de substituir os personagens. Você pensa que é forte sendo moralista, respirando fundo, contando até mil, sumindo da festa, rezando, desviando sua atenção, mas ele está lá, num bar com amigos, te olhando de longe. E ele continua lá mesmo depois que o táxi o levou, meio embriagado, para casa. Ele está no vazio que deixou, na dúvida de como poderia ter sido, na esperança do próximo encontro, na consciência leve pela negação e pesada pela cobrança de um prazer ainda latente…”


Tati Bernardi.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Palavras ao amigo José Célio de Souza


José Célio de Souza. Nome este importante no cenário jornalístico do Vale do Aço. E pra mim, profissionalmente falando, o maior diretor de redação também.
O que poderia eu, humilde escriba, escrever sobre uma pessoa de tal significância?

Não vou atrever-me a descrevê-lo, mas ousarei tentar definir apenas uma parte do seu nome.
José. E isso basta.

"Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum, 
sua biblioteca, 
sua lavra de ouro, 
seu terno de vidro, 
sua incoerência, 
 seu ódio - e agora?”

José na Bíblia se tornou um líder. E você na minha vida José, ou melhor, Zé Célio, se tornou alguém que me fez subir vários degraus na escada da sabedoria.

Estou agora em Milho Verde, sentada na grama e fitando ao longe a Serra do Espinhaço.
Tais palavras que escrevo perturbaram-me durante a noite e cá estou eu dando vida e parágrafos a elas.

Ah, Zé Célio...
Imagino você sentado ao meu lado agora me contando sua história de vida.

Certa vez perguntou-me você: “Que dia irá escrever um poema pra mim?”. Eu não me esqueci. Embora não seja um poema, é um texto sem métricas, sem predefinição, assim como teria sido nossa adolescência, se tivéssemos nascidos na mesma época.
Imagino nós, tomando uma cerveja barata em um barzinho qualquer, ouvindo “A Hora Vargas”, aproximadamente as seis da tarde, e cochichando baixo sobre a estupidez do governo da época.
“Eu vivi a história, Fabyola”. E essa foi uma de suas frases que até hoje martela na minha mente.

Migrando de volta para o presente, sentada aqui na grama, imagino como estaríamos falando sobre nossas músicas e cineastas preferidos, fazendo análise de letras e olhando o tempo, que estaria parado.
E seríamos apenas dois seres compartilhando experiências e fazendo, talvez, planos de virar hippies.

Poderia jurar que se eu pudesse voltar ao tempo e ir lá para 69, eu faria o impossível para que fossemos os dois ao Woodstock, ver a Janis e o Santana pirarem em cima  do palco.

Digo com todo o orgulho que o tempo que trabalhamos juntos, eu fui uma eterna aprendiz, embora não compreendesse como comportava tanta sabedoria em uma só pessoa.
As horas passadas, trabalhadas junto ao som de um bom heavy metal não serão esquecidas.
As várias vezes que vi você dar uma verdadeira lição de mestre através do seu silêncio, também ficarão guardadas.
As nossas confidências, os meus desabafos, sua percepção... é, isso deixou saudades.

Não escrevo isto a um diretor de redação. Escrevo a um amigo muito querido, uma pessoa de espírito eternamente jovem e sábio e que sem receio nenhum o compartilha com o mundo.

Perdoe-me as vírgulas fora de lugar, os erros de português. Ah...quer saber? Foda-se isso tudo!
Ziraldo certa vez disse que preferia aprender sem a gramática, então que isso tudo aqui esteja em discordância gramatical mesmo!


Obrigada por tudo, e saiba que tenho lido o Pasquim!
Só consegui pensar o título. O resto o coração me ditou.

Fabyola Gleyce

(Escrito em Maio/2011, em Milho Verde-MG)