sexta-feira, 12 de abril de 2013
Livros, santos livros!
Andar de ônibus tem suas vantagens... tava aqui fazendo a listinha dos livros que li no trajeto trabalho/casa/faculdade do ano passado pra cá. Alguns tive a oportunidade de reler, agora com uma maior maturidade literária, tipo Grande sertões veredas do Guimarães e Os Sertões, do Euclides da Cunha. Reli vários do Machado de Assis, e muitos outros de cunho político, como Olga, Negócio Seguinte, que aliás foi o que mais me marcou. Agora estou lendo "1968, o ano que não terminou", e é simplesmente FANTÁSTICO!!!!!! Estou no quarto capítulo dele ainda, mas cada página é uma surpresa nova, uma descoberta interessante demais que está mexendo muito comigo. Dá até dó de ler rápido, só pra demorar acabar, rsrsrsrs.... depois pretendo ler vários do Marcuse, começando por Eros e Civilização. Quase não estou me contendo de vontade de começar uma leitura dele paralela ao 1968, mas vou com calma. Essa diversidade de gêneros faz bem demais! Em meio à tantos cálculos a que sou submetida todos os dias, encontro um refúgio na leitura dessas obras. Faz um bem danado pra mente viu!
quinta-feira, 11 de abril de 2013
Verso Solto
“Aonde está a força de negar um desejo se enquanto ele não é saciado continua existindo? Desejos nascem, ocupam lugares interessantes do seu corpo, e não morrem antes de um formigamento exausto de prazer, uma manhã suja de arrependimentos, hálitos estragados de amargura e clicks que a vida nos dá, também chamados de momentos de verdade, que em muito se parecem com toques de mágica para você sair do estado encantado e falso da imaginação. O tempo não se encarrega de matar desejos, apenas de substituir os personagens. Você pensa que é forte sendo moralista, respirando fundo, contando até mil, sumindo da festa, rezando, desviando sua atenção, mas ele está lá, num bar com amigos, te olhando de longe. E ele continua lá mesmo depois que o táxi o levou, meio embriagado, para casa. Ele está no vazio que deixou, na dúvida de como poderia ter sido, na esperança do próximo encontro, na consciência leve pela negação e pesada pela cobrança de um prazer ainda latente…”
Tati Bernardi.
quarta-feira, 10 de abril de 2013
Palavras ao amigo José Célio de Souza
José Célio de Souza. Nome este importante no cenário
jornalístico do Vale do Aço. E pra mim, profissionalmente falando, o maior
diretor de redação também.
O que poderia eu, humilde escriba, escrever sobre uma pessoa
de tal significância?
Não vou atrever-me a descrevê-lo, mas ousarei tentar definir
apenas uma parte do seu nome.
José. E isso basta.
"Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?”
José na Bíblia se
tornou um líder. E você na minha vida José, ou melhor, Zé Célio, se tornou
alguém que me fez subir vários degraus na escada da sabedoria.
Estou agora em
Milho Verde, sentada na grama e fitando ao longe a Serra do Espinhaço.
Tais palavras que
escrevo perturbaram-me durante a noite e cá estou eu dando vida e parágrafos a
elas.
Ah, Zé Célio...
Imagino você
sentado ao meu lado agora me contando sua história de vida.
Certa vez perguntou-me você: “Que dia irá escrever um poema
pra mim?”. Eu não me esqueci. Embora não seja um poema, é um texto sem
métricas, sem predefinição, assim como teria sido nossa adolescência, se tivéssemos
nascidos na mesma época.
Imagino nós, tomando uma cerveja barata em um barzinho
qualquer, ouvindo “A Hora Vargas”, aproximadamente as seis da tarde, e cochichando
baixo sobre a estupidez do governo da época.
“Eu vivi a história, Fabyola”. E essa foi uma de suas frases
que até hoje martela na minha mente.
Migrando de volta para o presente, sentada aqui na grama,
imagino como estaríamos falando sobre nossas músicas e cineastas preferidos,
fazendo análise de letras e olhando o tempo, que estaria parado.
E seríamos apenas dois seres compartilhando experiências e
fazendo, talvez, planos de virar hippies.
Poderia
jurar que se eu pudesse voltar ao tempo e ir lá para 69, eu faria o impossível
para que fossemos os dois ao Woodstock, ver a Janis e o Santana pirarem em
cima do palco.
Digo com todo o orgulho que o tempo que trabalhamos juntos,
eu fui uma eterna aprendiz, embora não compreendesse como comportava tanta
sabedoria em uma só pessoa.
As horas passadas, trabalhadas junto ao som de um bom heavy
metal não serão esquecidas.
As várias vezes que vi você dar uma verdadeira lição de
mestre através do seu silêncio, também ficarão guardadas.
As nossas confidências, os meus desabafos, sua percepção...
é, isso deixou saudades.
Não escrevo isto a um diretor de redação. Escrevo a um amigo
muito querido, uma pessoa de espírito eternamente jovem e sábio e que sem
receio nenhum o compartilha com o mundo.
Perdoe-me as vírgulas fora de lugar, os erros de português.
Ah...quer saber? Foda-se isso tudo!
Ziraldo certa vez disse que preferia aprender sem a
gramática, então que isso tudo aqui esteja em discordância gramatical mesmo!
Obrigada por tudo, e saiba que tenho lido o Pasquim!
Só consegui pensar o título. O resto o coração me ditou.
Fabyola Gleyce
(Escrito em Maio/2011, em Milho Verde-MG)
(Escrito em Maio/2011, em Milho Verde-MG)
Fragmento de um sertão
“Sabi moço, eu pirdi o medo do mundo, tenho medo de nada
não. Quando cê sofre demais na vida o medo vira pedra, e com a pedra cê quebra
tudo que vem pra cima docê...
Os jagunço de pai era testemunha. Pudia até falar por mim,
viu moço. Já peguei foi cascavel na mão pra tirar veneno dela e acabar di veiz
com a vida de Antonio Neto. Mas deu certo não. Pus o mardito do veneno no café
do homi, o homi estribuchou mas num morreu. Coisa ruim não morre.
Crêdeuspai...
Falá difícil eu num sei, mas matá eu sei moço. É a herança
que meu vô deixou pra pai e pai deixou pra eu jogada ai.
Nu sertão cê mata por detrás é traição. Tra-i-ção, moço.
Painho que ensino essa palavra eu. Cabra que é cabra mermo atira é na frente do
infeliz com a espingarda de pederneira que todo jagunço deve tê.
Fio meu que cê tá vendo aí espaiado no quintal já tá
aprendendo atirá. Dei de presente pro mais véio uma pederneirinha véia que eu
tinha guardada aí e o mininu já tá matando até passarinho que descansa naquela
palma ali da frente. E num erra não, viu moço! É um tiro ali e cai no chão um
corpo de arribaçã.
Eu fico é triste moço, porque se Deus num tivesse largado o
sertão de lado, ia tê mais passarinho porsando aí no quintal e a gente não
passaria tanta fome.
Deus abandonô o sertão, moço. Planta já num tem aqui. Tem
umas palma que cisma de crescê aí pro terrero afora e a gente tem que dividí
com aquela cabeça de gado ali. O resto a gente faz sopa. Mas vô te contar, viu
moço. Ô troço mardito de ruim!
Era pr’eu tê uns trocado, viu. Se essa casa aí num fosse
arrendada do patrão e eu num fosse um burro de tanto trabaiá pra podê durmi
debaixo dum teto, eu teria uns trocado debaixo da minha esteira véia que uso
pra fexá os zóio e esperá o sol castigá pela manhã.
Sabi, moço, as veiz penso que não queria acordá mais. Já
apontei a pederneira contra eu uma veiz, mas o estrago maió foi essa cicatriz
que o sinhô tá venu. Morri não. Curaru eu com umas planta ai e falaru na minha
cabeça que eu tinha dois fio pa vê crescê.
E falaru mais, moço. Falaru que se eu morresse, o fio mais
véio ia tê que trabaiá no meu lugar pra pagá essa conta que tenho com o dono do
terreno. Quero isso pro meus fio não, moço.
O cabra que o sinhô tá venu aí na frente é duro demais pra morrê.
A morte aqui no sertão já visita a gente quando a gente ainda vive.
Nesse sertão aqui já tá todo mundo morto.
Mas aí a gente lembra que tem trabaiá, né moço?! Daí a vida
vorta outra veiz.”
Fabyola Gleyce
Itaúnas
Ah Itaúnas...
Da areia fina
Do hippie descalço
Da morena bonita
Que gosta de rebolar...
Do forró arretado
Lá do buraco do Tatu
Das dunas
De Itaúnas
Do sol, do céu, do mar...
Das pessoas bonitas
De coração aberto
Do caminho certo
Que trilhei pra ficar...
Do corpo quente na praia
Pulsando desejo
Ardendo de febre
De frente pro mar...
Do universo em fim de tarde...
Ah Itaúnas...
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