quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Meus 20 e poucos anos


Boa parte dos meus 23 anos eu passei tentando achar um
sentido para as coisas.
Muito do que eu considerava certo, ou dava por encerrado
como um pensamento imutável, mudou.
Muito da criança que existia, ficou pra trás...e outra boa
parte eu passei tentando resgatá-la.
Passei muito tempo vivendo de lembranças, revivendo o que
vivi num martírio infinito. Muitas vezes permiti-me sofrer em pró de outro.
Achava que a felicidade se concretizava quando fizéssemos outras pessoas
felizes. Ah, que besteira! Quanta perda de tempo...
Boa parte dos meus 23 anos eu passei tentando entender os
outros. Tentando entender as atitudes dos outros, os pensamentos, as ações.
Boa parte dos meus 23 anos eu priorizei a vida alheia,
assistia de camarote a cada conquista alheia que eu ajudava e aplaudia...sempre
na platéia.
Boa parte dos meus 23 anos eu me esqueci de mim. Eu me
escondi de mim. Eu não me aceitava. Eu simplismente aceitei a idéia de levantar
uma bandeira branca, a cada sinal de guerra. Por que? Era melhor deitar, chorar
e dormir...
Boa parte dos meus 23 anos daria um livro... não sei se seria
interessante, mas daria um livro.
Hoje, se resolvesse escrevê-lo, teria por título “Procurando
pistas, desvendando uma vida”. Sim...ainda tenho 23 anos – de idade. Mas de
repente, sinto-me como se tivesse
dormido por um instante e acordado há anos luz de distância do que eu vivia. Do
que eu achava que era a minha vida. É como se a minha vida tivesse mudado de
cenário da noite para o dia, e analisando bem, literalmente mudou. Saí do
quarto escuro em que vivia, isolada e parti para o mundo. Medo? Muito. Muito...
Passei boa parte dos meus 23 anos achando que o "Eu te amo", dizia tudo...aiai...
Aprendi (na marra), a travar batalhas comigo, a me encarar e
a resolver meus problemas. Chorar? Claro! A vida tem sido boa, mas não tem sido
fácil. Como escrevi outro dia, o maior desafio é conter o coração, para não
cometer os mesmos erros de antes. Mas enfim, aprendi a dizer “não”, a engolir o
meu orgulho, e a me encarar e perceber que a cada dia o meu amor próprio cresce
mais.
Boa parte dos meus 23 anos eu...eu vivi...
“Esqueça o Rivotril, trave batalhas consigo mesma.” - foi a última frase da minha última consulta
com um psicólogo.

Fabyola Gleyce