sábado, 13 de março de 2010

Procura-se um amor...

Hoje amanheci com uma imensa vontade de me apaixonar.
Vontade de abrir meu coração e entregar pra alguém, enfim.
Vontade de confiar, de me sentir em um abraço.
Vontade de ter vontade da pessoa.
Vontade de beijar, de abraçar, de tirar a roupa.
De dividir e somar... de sentir saudade.
Sei lá...só vontade...
Daqui a pouco passa...

Fabyola Gleyce

segunda-feira, 8 de março de 2010

Poesia de um domingo a noite.

Eu gosto da poesia
traduzida em lágrimas,
citada em meio
verdades incontestáveis
e vista de forma a não ser desmentida.
Eu gosto da melodia que não ouço
da nota que não foi tocada
e do som da sua voz
ao me pedir para parar de chorar.

Eu gosto das palavras
que escorrem pelo meu rosto
e terminam em meus lábios.
E gosto da tradução do seu toque.
Gosto como rimas e métricas
se formam em seus braços,
e gosto como uma melodia sem ritmo
Nasce, assim, num instante apenas.
Gosto da sintonia
do seu olhar com o meu
e gosto da maneira que você
me promete velar meu sono.
Gosto da sua proteção sem abrigo
do seu teto sem lar
e do seu abraço, este completo.
Gosto do eco das palavras não ditas
do som da viola
e da forma que as estrelas tomam
quando as olhamos juntos.
Gosto dos cenários que mudam
mantendo nós, personagens principais.
Gosto da maneira
como você se traduz,
e da forma como conduz
uma poesia, escrita a você
tomando o cuidado
de ser tudo real.
Apenas não gosto do adeus,
que talvez diremos.
Entretanto, sempre que eu olhar
esse meu muro e ver esse meu tijolo particular
Me lembrarei de você,
e direi com orgulho
que cada minuto valeu a pena.

Fabyola Gleyce

terça-feira, 2 de março de 2010

Retrato falado

Empresta-me um pedaço de seu cabelo
Para que eu faça pincéis
E pinte um retrato falado seu.
Minha paleta farei com um pedaço de sua cama
E as cores inventarei,
Mas usarei somente as suas.
Minha tela, será nossos lençóis,
Que não chegaram a ser usados.
E a armação, enfim, será
Uma parte da madeira da janela do seu quarto.
Trabalharei você
Em luz e sombras.
Seus traços, serão a sua silhueta
Assistida por mim a meia luz.
Esteja nú.
Usarei minhas lágrimas como óleo de linhaça
E meu batom para marcar
Os pontos de fuga
E rabiscar um horizonte.
Pintarei primeiro seu rosto
Dando ênfase a sua boca
E depois o seu corpo,
Focando todos os detalhes.
Usarei o nosso pôr-do-sol
Preferido como cenário.
Pintarei um dia perfeito
E nele, eu e você.
Esquecerei de pintar
A parte de você que se foi
E não pintarei o traço forte
Que você deixou em mim.
Pintarei a parte de você
Que sempre está comigo
e farei dessa obra, uma arte.
Pintarei seus olhos,
Usando seus cabelos
E pintarei flores,
As quais chamarei de amor-perfeito.
Não pintarei a dor da sua ausência.
Mas pintarei você,
No momento em que sorria
Ao ouvir de mim
“Eu te amo”.
Pintarei seu abraço
Que me envolvia
E te guardarei em um lugar
Mais seguro que minha memória.
E no lugar da minha assinatura,
Escreverei “Eu e você”.
E de inspiração,
Além de sua imagem,
usarei a parte de você
que está impregnada em mim,
e te conservarei longe de umidade
e luzes fortes,
enfeitando a parede principal de minha vida
para que fique ali,
apenas enquanto eu viver.

Fabyola Gleyce

Saudade

Deixe que te confesse
meu medo do escuro
e deixe você, o porta retrato
portando seu sorriso
pra que eu pense
que ele envelheceu comigo.
Deixe que me lembre
de uma frase de efeito
para te dizer enquanto fecho a porta.
Deixe essa vidraça quebrada,
pra que através dela entre luz.
E deixe o armário trancado
pra que eu não veja sua ausência.
Deixe o disco na vitrola,
a luz acesa, a garrafa vazia
e tudo o que não lhe disse.
Deixe tudo como está.
E se puder, sem medo,
empresta-me a sua mão
pra que eu fotografe
meu verdadeiro abrigo
enquanto te digo de cor
todas as poesias a ti escritas.

Fabyola Gleyce

Às seis da tarde

Não esqueça as janelas abertas ao sair,
e confira a porta.
Coloque aquela camisa vermelha
E a bermuda xadrez.
Não se esqueça de me comprar flores
de essência parecida com a sua.
Já te espero com o giz
para rabiscar um dia perfeito,
e a foto em branco, já revelada
para registrarmos o presente.
De espero já, sorrindo,
Hoje, naquele mesmo banco
às seis da tarde.

Fabyola Gleyce